RESISTÊNCIA, PERSISTÊNCIA,
RESILIÊNCIA.

Enquanto bruxuleia o vapor ao redor da cuia, sobre o topete verde, o proverbial amargor da erva, envolve o paladar e absorve os pensamentos. Adiante e para trás, no tempo, e no vento, como quis o poeta, a ancestralidade que define uma saga, escreve no espaço, ao subir das gotículas quentes, suas novas estrofes.
BR-116 • Melhoramentos de adequação de capacidade com elevação do eixo central

E busca alguns títulos. Do flagelo à memória, a inteligência é chamada para pôr em novo curso, a história. Reconstrução, infraestrutura e obras: a engenharia encara mais uma batalha, pelas mãos que possuem, prerrogativas também proverbiais traduzidas na garra e no arrojo dos gaúchos, um povo, sempre determinado em alcançar – sobre todas as dificuldades – mais uma vitória. Que neste caso, é a própria existência. Real, diária e contínua. 

Ainda que as atenções da grande mídia com sua característica volúvel e um tanto superficial, tenham oscilado para outros temas, incluindo distantes guerras, segue em curso no Brasil, talvez, o maior combate já travado pelo país: a literal luta pela “reconquista” do Rio Grande do Sul. Sim, reconquista, em um sentido amplo, que vai da reconquista da dignidade, à reconquista da qualidade de vida e da capacidade produtiva. E instrumental para que se abra esta possibilidade, é a recuperação – em um primeiro momento a reabertura e a garantia de funcionamento – dos caminhos dos pampas. Notoriamente, de suas conexões federais, que garantiram a linha logística de suporte, que mobilizou a solidariedade do país. Neste sentido, já entre as primeiras respostas, tanto o Ministério dos Transportes, quanto seu braço executivo, o DNIT e, especialmente sua Superintendência Regional, sediada em Porto Alegre, ainda sob as torrenciais chuvas que, não caíam, despencavam sobre o estado, juntaramse ao esforço emergencial de primeira mão, atuando em conjunto com o Governo do Estado, Bombeiros, Brigada Militar, demais polícias, a Defesa Civil e indiscutivelmente, a própria população, que se uniu como pôde para o pesado enfrentamento. “Temos que nos preocupar com a reconstrução do estado desde já. Esse é um evento muito representativo do ponto de vista da destruição da infraestrutura. E do risco que traz às pessoas. (…)

Renan Filho, Ministro dos Transportes

No ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) recuperou todas as rodovias e as colocou em condição de trafegabilidade em evento semelhante. Temos condições de fazer isso de novo”, afirmou à época o ministro dos Transportes Renan Filho, ainda nas avaliações preliminares, junto à comitiva presidencial que estava, por sinal, em visita ao estado. Porém, com a rápida ação do DNIT, articulando sua “contra ofensiva”, ficou claro que a interdição de 48 pontos em rodovias Federais no estado, dava indícios de que algo muitas vezes superior em potencial destrutiva estava em curso. Deixando uma ideia mais ampla das ocorrências, o superintendente Regional do DNIT/RS, Hiratan Pinheiro da Silva, explicou: “nós tivemos ‘ondas’ de eventos. Houve a destruição inicial, mas as chuvas continuaram durante um longo período, ainda que com intensidade menor e, simplesmente, nas partes mais baixas, a água não cedia. Não tinha pra onde ir, não percolava. Tudo corria diretamente sobre o solo. E isso prejudicou a velocidade com que podíamos ir fazendo diagnósticos mais detalhados, algo que aconteceu, em termos práticos, no início de julho”, disse, complementando em seguida: “Houve um breve hiato porque nós dedicamos 100% das forças no que era mais imediato, mas é um fato que logo em seguida, nós retomamos essas atividades de rotina, com todas as questões da superintendência”, disse. De uma forma ou de outra, o entendimento geral, expresso pela afiada mente do ministro Renan em suas falas iniciais, também estava presente na ideia de toda a equipe do DNIT, tanto na sede, quanto na superintendência, denotando um alinhamento quase instintivo quanto ao que fazer.

Visita técnica do Ministro Renan Filho, nas primeiras horas logo após as chuvas

 Em especial, quanto às burocracias a serem vencidas para conferir maior celeridade e o ímpeto necessário para o trabalho de grande monta que, a exemplo das águas, ia se acumulando em grandes e irresistíveis volumes. “Nós tivemos um grande núcleo de apoio”, recorda o superintendente, que com gestões feitas diretamente junto com o ministro, a própria diretoria técnica do DNIT em Brasília e articulações junto ao congresso, obteve sucesso em angariar os primeiros recursos emergenciais para o estado, por meio de Medidas Provisórias, que resultaram em ações importantes, como os “Caminhos Assistenciais”, uma iniciativa que garantiu a chegada de víveres, remédios e outros mantimentos e itens de asseio às populações que, quando não se encontravam isoladas, estavam absurdamente vulneráveis. “Nós compreendemos rapidamente que se tratava de uma emergência humanitária”, registrou o superintendente.

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